Os 4p’s do briefing para design de marcas

Existem questões essenciais quando tratamos de briefing. Este é um termo muito comum entre designers e outros profissionais de áreas criativas, e com certeza todos sabem a importância desse elemento.

Neste artigo eu vou descomplicar o assunto trazendo uma teoria que me fez entender um caminho seguro para estruturar os meus briefings. Mas antes…

O que é Briefing?

Briefing é um documento que tem por objetivo registrar questões importantes para a execução de um projeto, não importa qual. Para ter insumos de projeto, é importante que o profissional saiba fazer as perguntas certas, que significa necessariamente saber como colher essas informações.

Partindo do princípio de que, para que exista um briefing é necessário ter uma demanda, é preciso, antes de qualquer coisa, compreender essa demanda, o que eu costumo chamar de etapa 0 de desenvolvimento de projeto.

Definição do problema

Um dos predicados que mais considero como essencial em um designer é a curiosidade. A curiosidade serve neste momento para explorar muito mais do que os outros conseguem explorar, isto é, conseguir mais informações.

E em áreas criativas é importante saber colher essas informações, por isso o caráter investigador e curioso deste profissional. A maneira mais segura de compreender um problema [alheio] não é deduzindo sobre ele, mas perguntando.

Busque compreender qual a raiz do problema, não somente uma expressão dele, o que com certeza atingirá outras expressões. Um exemplo para deixar mais tangível é um encanador com o(a) dono(a) da casa:

  • Encanador: O que está acontecendo?
  • Morador: Está vazando água da pia.
  • Encanador: Deixe-me ver o problema

Morador leva o encanador para ver a pia.

  • Morador: Acho que temos que trocar a peça do ralo.
  • Encanador: Por que você acha isso?
  • Morador: Se a pia está vazando deve ser esse o problema.
  • Encanador: Eu tenho uma hipótese de que existe um problema na torneira, deixe-me ver e falaremos melhor.

Encanador faz o exame e dá o diagnóstico:

  • Encanador: Como eu suspeitei, sua torneira está com problema na rosca. Temos que trocar essa peça.

Eu quero te explicar duas coisas com essa história, a primeira delas é que não conheço nada sobre torneiras e encanamentos, a outra é que entendo de problemas. Sei que resolver uma peça do ralo não impediria que vazasse água da pia, mas sim agir no centro do problema: a peça da torneira.

Agora, para falar especificamente sobre o briefing e as perguntas essenciais, eu vou te mostrar os 4p’s:

1- Propósito

Lembra que falei sobre o caráter questionador que o profissional criativo precisa assumir? Neste momento, o que costumo chamar de momento filosófico, precisamos compreender os motivos do cliente. Esse cliente não criou um negócio do nada, houveram motivações internas e externas que o fizeram tomar essa atitude, dado todos os riscos de se começar um empreendimento.

Essas respostas são úteis para recuperar algo na história daquele projeto, como por exemplo um projeto de identidade visual, que conseguirá expressar realmente a identidade daquela empresa.

Algumas perguntas que gosto de fazer nesta etapa são:

  • Por que você começou esse empreendimento?
  • Qual o seu objetivo para os próximos seis meses?
  • Como você acha que posso resolver seu problema?

2- Público

O público é uma dimensão importantíssima de um projeto, pois como já venho falando em alguns artigos e publicações no Instagram, se existe uma demanda, existe um público.

Quando nos referimos a atividades criativas, falamos sobre comunicação (essencialmente), e se precisamos nos comunicar, é importante saber com quem. As ferramentas mais úteis para conhecermos o público é a persona e o mapa de empatia. Posso falar melhor sobre elas em um artigo futuro.

As questões que podem se desenrolar desta etapa são:

  • Quem consome o produto/serviço?
  • Quais seus hobbies?
  • Quais as dores, necessidades, incômodos e vontades?

3- Percepção

Se precisamos nos comunicar, já estamos cientes sobre o quê comunicar e para quem. Neste terceiro tópico vamos entender a mensagem que usaremos nessa comunicação.

Imagine que um logotipo precise estar na rua, qual mensagem ele deve acompanhar consigo? E quando eu falo sobre isso, digo diretamente acerca de dois conceitos do Branding: Identidade e Imagem.

Também são assuntos que merecem um artigo dedicado, mas para te dar base e entender o tópico Percepção eu vou explicar brevemente sobre eles. Identidade, em resumo, é tudo aquilo que aquela marca é, por isso a importância de perguntas certeiras e tanta filosofia. Já a imagem é sobre aquilo que a marca mostra ser.

Imagine um amigo seu. O que as outras pessoas estão falando sobre o seu amigo? Será que tudo o que alguns desconhecidos falam diz respeito ao que esse seu amigo verdadeiramente é? Digamos que aquele jeito meio grosso mostra algo que ele não é em essência, como mudar?

Construir uma marca é estreitar essa relação, isto é, aproximar ao máximo o que uma marca é e como as pessoas veem. E isso é design autêntico.

Algumas perguntas que são interessantes neste grupo:

  • Quais as 5 principais características do seu negócio?
  • Quais pontos fortes do seu empreendimento?
  • Quais os pontos fracos?
  • Qual mensagem você gostaria de transmitir?
  • Qual você não gostaria de transmitir?

4- Pontos de contato

E para finalizar o assunto sobre os 4 p’s do Briefing, vamos falar de pontos de contato. Ponto de contato é onde efetivamente aquele projeto vai atuar. Existem projetos, como o de identidade visual, por exemplo, que precisa sair do campo da abstração para ter seu espaço no mundo real.

Se você possui um restaurante, um exemplo de ponto de contato pode ser o cardápio, a placa e o logo no aplicativo iFood.

Algumas perguntas que tangibilizam esse grupo são:

  • Onde a sua marca vai aparecer?
  • Qual o seu planejamento para ela no futuro?

Conclusão

Vimos por meio deste artigo que o briefing não é uma receita de bolo, mas algo que precisa ser adequado ao problema que nos é apresentado, à sua demanda.

E para garantir que consigamos as respostas necessárias, converse bastante com o seu cliente, compreenda os motivos dele. Antes de fazer inferências e questionamentos, saiba ouvir.

E se eu pudesse falar qual a maior ferramenta para um bom briefing, diria que já nascemos com duas delas, nas extremidades da cabeça.

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