Um discurso muito presente nas rodas de conversas entre designers é o quanto um designer precisa ser sensível e acreditar em seus instintos.
Eu não discordo, mas além dessas características que revelam um bom designer, existe outra que o mantém competitivo.
Por estar imerso na tecnologia e outras disciplinas da atualidade, quero incluir um assunto ao nosso papo que, com certeza, fará diferença na sua carreira.
Qualidades de um designer
No comecinho deste artigo, falei sobre duas qualidades que julgamos ser necessárias para um bom designer: sensibilidade e instinto.
Além de toda a técnica que é preciso cultivar, um bom designer é caracterizado pela forma como enxerga o mundo, e isso é a força motriz da sua tomada de decisões.
Todo o repertório construído por anos é incorporado à sua forma de pensar e alimenta os caminhos escolhidos. Eu acredito que isso qualifica, mas não mantém.
Design é o meio
Quando um serviço de Design é solicitado, junto a ele vem um problema, e na maioria das vezes, é um problema de natureza visual. O designer, como profissional habilitado a resolver esses problemas, é convocado e toda sua experiência entra em ação.
Só que os “problemas visuais” não são a raiz do problema ou necessidade. Investigando um pouco melhor, os problemas visuais emergem de outras necessidades.
Em 100% do tempo, tudo é um problema de comunicação. E o Design intervém como mediador entre uma marca e um público.
Navegando mais a fundo, o problema de comunicação tem um objetivo também. Pode ser autoridade, leads, novos clientes, mais vendas, etc.
Para a atuação do designer ser mais incisiva sobre um problema, é preciso ter consciência do todo.
Design, não Arte
No vocabulário de muitos designers, há uma confusão sobre o que é um produto de Design e Arte.
O Design se dispõe a resolver questões e solucionar problemas, a Arte, pelo contrário, cria as questões.
Confundir Design com Arte é comum por conta da interseccionalidade das disciplinas, mas de qualquer forma, as propostas são completamente diferentes. Até opostas, diria.
Todo designer precisa ter um referencial artístico, pois como falei antes, a sensibilidade é uma das qualidades de um bom designer.
Mas é preciso fazer a separação do que é “consumir” e “fazer arte”.
Muitas pessoas podem discordar destes pontos, mas para complementar o que eu disse, trouxe uma frase do livro Design Thinking:
“A arte cabe a interpretação de cada um, já os signos criados pelo designer precisam ser universais”
O pensamento data-driven
E aqui entra o ápice da nossa conversa, a diferença entre o “bom designer” e o designer que se mantém no mercado: os dados
Entenda que eles não são excludentes, mas ser um “bom designer” é o foco de todo designer iniciante, que muitas vezes despreza o fato de atuar em um mercado que possui necessidades.
Ser data-driven é utilizar os dados para ver com mais nitidez e, enfim, tomar decisões.
É a forma mais segura de compreender o cenário, construir hipóteses e colher feedback das soluções propostas.
Ter um pensamento orientado a dados te auxilia tanto no desenvolvimento dos projetos, como também na defesa argumentativa.
Como fazer isso
Os inúmeros sub-nichos dentro do Design geram inúmeras soluções para coleta de dados, e junto a isso, cada projeto/desafio, permite outro número ilimitado de possibilidades.
Mas para você não ficar sem resposta, quero trazer duas formas de pesquisas que já somarão aos seus próximos projetos.
Dados na internet
Caso o seu cliente já esteja no digital, fica muito mais fácil.
As informações podem ser colhidas a partir de dados que as próprias redes sociais revelam para o usuário.
Por vezes chamado de “insights”, os dados que as redes sociais trazem sobre os usuários podem ser úteis, sobretudo para a documentação da persona.
Mas um pouco além disso, caso o seu cliente já tenha um site, o Google Analytics é uma ferramenta essencial para entender tantos os dados demográficos como os de comportamento.
Pesquisa direta com o público
Estudando os trabalhos de Chermayeff & Geismar & Haviv, entendi como a pesquisa com o público pode impactar no desenvolvimento de um grande projeto.
Na construção da marca US Open, Sagi Haviv conta sobre os caminhos possíveis para o redesign. A grande questão foi sobre o problema do símbolo atual e a probabilidade de mantê-lo.
Fazendo uma pesquisa com algumas pessoas, ele e sua equipe entenderam sobre o fator de identificação do símbolo antigo e a mensagem que, para o público, o símbolo deveria passar.
Veja o resultado abaixo:
Conclusão
Neste artigo você viu que não apenas de sensibilidade sobrevive um designer.
Para o cumprimento do propósito “resolver problemas de comunicação”, é preciso ir além e utilizar as ferramentas que facilitam e embasam a tomada de decisão.
Se você tem em mente outras formas de coleta de dados, deixe nos comentários abaixo, vai ser útil para toda a comunidade.