Design Thinking: como os designers pensam

Essa abordagem ficou conhecida de uns tempos pra cá, onde muitas empresas e startups têm requerido Design Thinking nos seus funcionários. Mas, afinal de contas, o que é Design Thinking?

Apesar de ser relativamente nova nas requisições de habilidades dos RH’s, Design Thinking é utilizado por designers desde o começo do século XX, talvez até mesmo antes disso.

Mas, em resumo, Design Thinking é o modelo mental dos designers que estimula a resolução de problemas com o foco no usuário, tornando o entendimento do problema tão importante quanto sua solução.

E quando falamos sobre DCU (design centrado no usuário), apontamos para uma atividade criativa que é canalizada para a produção de soluções possíveis, viáveis e desejáveis.

Para Tim Brown, diretor executivo da IDEO, “todos precisamos pensar como designers”. E é neste momento que a abordagem fica mais popular e ultrapassa as fronteiras da profissão para gestores, administradores e posições de liderança.

Existem diversas fontes que trazem as etapas do Design Thinking, sendo a mais comum: empatia, definição, idealização, prototipação e teste. Outras fontes acrescentam: escolha, implementação e aprendizado. Mas o que eu vou te apresentar aqui é uma série de etapas que une o melhor de cada fonte (na minha humilde opinião):

  1. Empatia
  2. Definição de problema
  3. Pesquisa
  4. Geração de ideias
  5. Seleção
  6. Testes
  7. Implementação
  8. Feedback

Empatia

De forma prática, esta etapa é a primeira conversa com o cliente, onde é preciso desmembrar a situação, sempre analisando através das experiências e variáveis DELE. Nesta entrevista ou reunião (como queira chamar), você faz uma série de perguntas em busca do melhor entendimento da situação do cliente.

Mas as perguntas não são estruturadas de qualquer forma, pois como aprendemos no livro Spin Selling – alcançando excelência em vendas, as perguntas precisam ser efetivas para que o cliente tenha abertura de falar sobre seus medos e desejos, o que funciona como uma espécie de terapia.

Definição do problema

Depois de toda conversa, você anotou os detalhes e agora parte para analisar o problema do cliente. Através de preposições curtas, você consegue articular uma história do usuário.

“Eu, Jorginho da Silva, para conseguir gerar vendas online, quero montar um site”. A história do usuário se caracteriza por uma estrutura bem simples: sujeito + objetivo + solução.

É nesta etapa que você monta um briefing, sendo de extrema importância que o seu cliente participe ativamente, pois ninguém sabe mais do negócio dele do que ele mesmo. Então, com outras perguntas poderosas, você consegue extrair soluções eficazes:

  • Qual o objetivo da sua empresa?
  • Quem é o seu público?
  • Como se imagina daqui 5 anos?

Pesquisa

Dadas as informações no briefing, agora você vai para a pesquisa.

– Mas, Éricles, cadê a parte do software?
Calma pequeno gafanhoto, essa etapa é bem no final. Design é pesquisa direcionada e planejamento.

E como parte da pesquisa, você vai vasculhar os cantos mais profundos da internet, livros, revistas, jornais e conversas, em busca de informações. Essas informações servem como complemento de dados que o cliente te passou na etapa de definição do problema.

Por exemplo: se o seu cliente tem uma cervejaria com o nome Njord, de onde ele tirou esse nome? Qual é a história dos deuses nórdicos? Quais elementos fazem parte desse universo simbólico? Como esse público é e se comporta?

E a partir desses itens de pesquisa, você parte para a geração de ideias.

Geração de ideias

A atividade mais comum para geração de ideias é o brainstorm, que é excelente quando se trabalha em grupo e ainda funcional para profissionais individuais.

Pode-se ressignificar as tarefas do brainstorm ao processo individual, onde podemos aplicar uma de suas premissas: não julgar as ideias. Sendo um designer e estando em um projeto para propor uma solução visual, a geração de ideias é papel e lápis, ou para alguns tablet e notebook.

É importante que nessa etapa você deixe que as ideias fluam e se permita cometer erros, pois o erro faz parte do processo.

E uma observação antes de continuarmos: quero falar sobre manipulação de dados. Nós designers, capturamos os dados, analisamos e por fim manipulamos. E neste último, costuma-se aplicar técnicas de divergência e convergência. É como se você pegasse um objeto simples e único, jogasse-o na parede, e nesse splash, analisasse suas partes como objetos individuais, para, por fim, convergir novamente. Esse processo é conhecido como duplo diamante.

Seleção

Aqui já podemos ir para o software.

Como explicado acima, nós já expandimos a visão e geramos várias ideias, agora vamos convergir mais uma vez selecionando algo que se adeque com nossa pesquisa.

Se acostume: os processos em design não são lineares como programação ou matemática. Sempre retornaremos etapas para capturar algo importante e utilizarmos para validar a etapa presente.

O fruto da geração de ideias (ou geração de alternativas) precisa estar de acordo com os dados da pesquisa e de nossas proposições. Se chegamos a uma conclusão que a cerveja Njord atende um público masculino com características selvagens e livres, a escolha, naturalmente, não vai condizer com um público masculino formal.

Testes

Lembra que o Design Thinking é sobre encontrar soluções mais adequadas para o problema das pessoas? Então é com elas que conseguimos validar a qualidade dessa solução. Você consegue isso através de formulários online, pesquisa presencial, conversas informais, etc.

Mas a etapa de testes não é somente sobre consulta, você pode criar protótipos e avaliar, individualmente ou com seu time, características estéticas e funcionais do produto.

Testes de fundo para julgar a escolha das cores, leiturabilidade (sim, esse termo existe) e legibilidade, tamanho mínimo, comparação com outras embalagens de cerveja na gôndola do supermercado. Os mockups são ideais para estudar a atuação do produto no mundo real.

Implementação

Essa etapa tem pouco a se falar, já que seu nome é muito intuitivo. Aqui falamos sobre a entrega do projeto, fechamento de arquivo e checklist pareando o que foi pedido sobre o que está sendo entregue.

Feedback

Para não finalizar a abordagem simplesmente na entrega, precisamos entender a recepção do produto pelo público, satisfação do cliente e em quais etapas aconteceram gargalos (e se aconteceram), porque assim melhoramos continuamente nos próximos projetos.


Design Thinking é uma abordagem muito interessante e já utilizada pelos designers há séculos. O que estamos fazendo agora é tirar essa figura do “designer” no canto frio e solitário da sala, trazendo suas habilidades para esse mundo tecnológico no qual os seres humanos precisam que seus problemas sejam compreendidos de verdade.

A proposta do Design Thinking é humanizar os relacionamentos, reconhecendo oportunidades a partir de problemas, visando propostas de solução mais eficazes e com impacto social mais significativo.

Ilustrações do artigo via Freepik

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